sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

Ranguitos - "Dishes"


Claro que não poderíamos deixar de falar dos deliciosos ranguitos feitos nos nossos campos. Já tivemos de tudo, desde o básico macarrãozinho banhado com molho de tomate, ervilha e o indispensável (e sempre presente) ovo de codorna, até o refinado risoto de shitake. E como bons biólogos, em companhia de um amigo herpetólogo, não deixaríamos de preparar um prato exótico: espetinho de rã. Tadinha da "Leptodactylus", ia pra coleção, mas decidimos um destino diferente para ela.

" Of course we would have to talk about the delicious dishes we've made in our field excursions. We've had many type of delicious things, from the basic noodles with tomato sauce, peas and the indispensable (ever-present) quail egg, to the refined shitake risotto. Furthermore, as good biologists, in the company of a herpetologist friend, we would definitely prepare an exotic dish: smoked frog. Poor "Leptodactylus", it should go to the zoo collection, but we decided a different destination for it."





  






quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

Tchan tchan tchan... e os inselbergs aparecem! - "Tchan tchan tchan... and the inselbergs appear!"

Tudo começou em Setembro de 2010, eu estava fazendo um estágio na Botânica na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), e fui convidada pelos amigos, Nara e Pedrinho, para conhecer a Chapada Diamantina. Essa foi a minha primeira expedição botânica, em grande estilo, pois coletar nos campos rupestres, onde tantos naturalistas já haviam passado, era algo muito especial. 
No caminho para a Bahia, dormimos uma noite na casa dos meus pais, em Teófilo Otoni (Tchotcho). Naquela noite, conversamos sobre a quantidade de afloramentos de granito que vimos na estrada entre Belo Horizonte e Tchotcho. Meus amigos me esclareceram que essas "pedras" eram pouquíssimo estudadas, mas possuíam uma flora super interessante. Fiquei bem curiosa, havia crescido em meio a essas pedras, e sempre me perguntava o que havia lá em cima. Até o momento, como diriam os moradores da região, só bode subia no topo das pedras. 
Daí em diante passei a procurar afloramentos no Google Earth e buscar aqueles que possuíam uma área florestal relativamente preservada. Um deles me chamou bastante a atenção por possuir uma lagoa, uma matinha no entorno e não ser longe de Tchotcho. Curiosamente, esse afloramento era na fazenda de um amigo do meu pai.



Com permissão do proprietário, em Janeiro de 2011, fizemos a nossa primeira expedição para a Pedra de São Francisco, carinhosamente apelidada por nós como a Pedra do Bagão. Meus pais se organizaram para a empreitada e os amigos de BH, Nara, Pedro, Pablo e Túlio, vieram dar uma mãozinha (ou melhor, uma perninha, porque subimos à pé). Foi uma das melhores expedições que já participei, ainda era iniciante no fantástico mundo das plantas, e juntamente com meus amigos mais experientes, nos infiltramos sedentos nas matas. Meu pai não entendia nada, toda hora escutava: "essa é uma Blablablaceae muito louca!". Ao atingirmos o cume, ficamos impressionados com a beleza da paisagem. Diversas ilhas de vegetação se espalhavam sobre a rocha, com bromélias, cactos, orquídeas e canelas-de-ema se destacando pelas cores vistosas. Fiquei sem entender o que estava acontecendo, não acreditava que aquelas plantas tão exuberantes  estariam ali, ilhadas, e tão bem escondidas. Ao final da expedição, com o caderninho de coleta recheado com os meus 199 primeiros vouchers, decidi que iria trabalhar com esses afloramentos de granito, que em seguida descobri serem cientificamente chamados de: inselbergs. 










terça-feira, 1 de dezembro de 2015

O que são inselbergs? "What are inselbergs?"

        
         No meio científico, afloramentos rochosos que surgem abruptamente na paisagem, de composição principalmente granítica e gnáissica, são denominados inselbergs, termo oriundo da língua alemã (Insel = ilha e Berg = montanha). Quando apresentam formato arredondado e estão inseridos em uma matriz florestal, são chamados de pães de açúcar. Essas formações datam de mais de 550 milhões de anos e estão distribuídas em escudos cristalinos de todos os continentes, tendo os trópicos como centro de diversidade biológica. No Brasil, ocorrem em grande concentração nas regiões Nordeste e Sudeste, especialmente nos domínios da Caatinga e da Floresta Atlântica. Entretanto, com exceção do Rio de Janeiro, onde está localizado o famoso Pão de Açúcar, diversos aglomerados magnificentes desses afloramentos são desconhecidos por grande parte da população, por exemplo, no nordeste de Minas Gerais e nas porções norte e sul do Espírito Santo. 
        Por isso, vos apresento em singelas fotos a quantidade de pães de açúcar espalhados pelo território brasileiro:



        E crescem plantas nessas pedras? Sim. Várias plantas, pertencentes a diferentes famílias, possuem estratégias que as permitem crescer sobre a rocha. Muitas delas são raras e endêmicas desses locais. Algumas espécies de bromélias e cactos, por exemplo, crescem diretamente sobre a rocha nua, formando uma malha vegetal, com aparência de tapete:



No contexto da flora brasileira, os inselbergs atuam como refúgios de alta diversidade de plantas dentro da Mata Atlântica, e por isso devem ser estudados e preservados.  




Lu & Lu

Lu e Lu aflorando sorrisos na frente da Pedra da Boca, Vale do Mucuri (MG)
Luiz(s)as e biólogas botânicas, que se aproximaram por causa do gosto pelas plantas, pela Natureza!

Sem dúvida, se não fossem as plantas, não teríamos nos encontrado tão cedo... Nos conhecemos em 2013, quando a Lu estava montando uma exsicata de cactos e eu, que estava no 1o período da graduação, muito curiosa, fui conversar com ela sobre qual espécie que era, como e onde havia sido a coleta. Tinha acabado de entrar para o laboratório de Sistemática Vegetal como voluntária do Herbário e logo fiquei sabendo que a Lu estava precisando de uma estagiária para o projeto dela de Mestrado. Me candidatei para a bolsa e, desde então, estamos juntas! Parceria que transcendeu o acadêmico, pois nos tornamos amigas! - Amizade que floresceu sentimentos, coisas boas, muitas risadas, causos e companheirismo!

Agora, demos início a outros projetos -  artísticos, poéticos, musicais, fotográficos, científicos... E dessa vontade de rever nossas expediçoes, de dividir e divulgar nossos olhares e vivências com os amigos, criamos esse blog – um Diário de Campo de duas naturalistas em pleno século XXI!